IDIOMA ARAMAICO
Aos estudantes de Orientalismo e de teologia Bíblica, um pouco de conhecimento da língua aramaica, cai bem. Esta língua era corrente nos dias de Jesus e este falava com certeza o aramaico. Textos das Escrituras também foram escritos em Aramaico.. (Por escriba Valdemir Mota de Menezes)
Students from Eastern and Biblical theology, a little knowledge of the Aramaic language, would be appreciated. This language was common in Jesus' day and this certainly spoke Aramaic. Scriptural texts were also written in Aramaic .. (By scribe Valdemir Mota de Menezes)
terça-feira, 31 de maio de 2011
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
ALEP
The Aramaic language has as its first letter of the alphabet the letter ALEP. How is a Semitic language, the first letter of the Aramaic is very similar to Hebrew and Arabic, among other Semitic languages.
(By Theologien Valdemir Mota de Menezes)
(By Theologien Valdemir Mota de Menezes)
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
FILME PAIXÃO DE CRISTO DE MEL GIBSON
Reconstrução do aramaico beira a perfeição em filme de Gibson
REGINALDO GOMES DE ARAÚJO
Especial para a Folha de S.Paulo
É de causar surpresa o resultado da reconstrução do aramaico falado no filme de Mel Gibson, "A Paixão de Cristo". Causa surpresa mesmo --e apesar de-- com toda a violência existente na película.
Além do trabalho de tradução do roteiro em inglês para o aramaico feito por um católico, o padre jesuíta William Fulco, os atores provavelmente tiveram um treinamento excepcional para articular o aramaico sem o sotaque do inglês americano, o que nem sempre é fácil.
A tarefa complica-se porque é uma língua que "supostamente" teria sido falada por Jesus, pois ninguém sabe ao certo como e de que forma Jesus falava o aramaico. Mas, apesar das dificuldades, o trabalho de tradução é realmente bom. Segundo Fulco, baseado numa variedade de literatura em aramaico antigo --como o aramaico bíblico do livro de Daniel e Esdras--, literatura targúmica e séculos de siríaco e hebraico, foi possível realizar a reconstrução do aramaico do tempo de Jesus.
Para quem está familiarizado com aramaico e seus diversos dialetos, a pronúncia utilizada no filme aproxima-se muito da ocidental ou palestinense. É um tipo de aramaico que remete ao aramaico bíblico dos livros de Daniel e Esdras e ao aramaico targúmico. Característica desse grupo ocidental é a preferência pelo som vocálico --"a"-- que pode ser ouvido durante todo o filme, e não o som de "o" que é típico das regiões mais orientais.
Outra característica é o uso dos sufixos pronominais --fenômeno típico das línguas semíticas quando usam o que chamamos de pronomes pessoais do caso oblíquo-- que se escutam nesses diálogos (por exemplo, o "khon" que escutamos muitas vezes na fala de Jesus referindo-se ao pronome de segundo pessoa plural). Enfim, ouve-se uma reconstrução gramatical do aramaico perfeita, excluindo-se alguns problemas fonéticos e hebraísmos.
Podemos constatar ainda alguns problemas que soam estranhos para o ouvido:
1º) A pronúncia do sufixo pronominal da segunda pessoa masculina (te, ti, teu, tua) soa estranha, pois se esperaria um som "ax", como o de "x" no alemão "nacht", mas ouve-se sempre "ak". Tal dificuldade está no sistema fonético dos próprios autores, que não possui o fonema "x". Esse tipo de som se encontra em todas as línguas semíticas (árabe, hebraico siríaco, etiópico etc);
2º) Poderia ter sido evitada a influência de um certo hebraísmo, pois o uso de palavras como "adonai", "adoni" (meu senhor, senhor) não são encontradas no aramaico da época. O correspondente seria "mar", "mari".
Apesar desses e de outros pequenos problemas, os autores mostraram um trabalho de valor na reprodução do aramaico.
O que é
A língua aramaica, juntamente com o acádico árabe e fenício, constitui a família de língua semítica dos habitantes das tribos nômades do deserto da Síria.
O aramaico surgiu na região do deserto da Síria. Chegou a ser língua franca --como é hoje o inglês-- e passou a ser usada na Palestina como língua principal. Segundo a tradição judaica, o aramaico foi falado por Adão (Sanhedrin 38b) e foi, provavelmente, a língua materna de Jesus e de numerosos rabinos do Talmude e Midrash.
Por ter sido uma língua dominante no mundo judaico, muitos textos importantes foram escritos em aramaico. Partes do livro de Daniel e Esdras Bíblia Hebraica (Antigo Testamento) estão em aramaico. Muitos rolos de Qumran, encontrados nos anos 50, nas proximidades do Mar Morto, estão em aramaico. Hoje ainda é usada na liturgia da igreja siro-ortodoxa.
Origem
A palavra aramaico vem do termo "aram", nome do quinto filho de Sem, o primogênito de Noé (Gn 10,21). Foi também usado como nome de um lugar 4.000 anos atrás. O livro do Gênesis menciona lugares chamados de Paddam-Aram e Aram-Naharaim. Todavia, não há referências diretas ao povo aramaico (arameu) até o século 11, quando o soberano assírio Tiglat Falasar 1º (1115-1103) deparou-se com eles na sua expedição militar ao longo do Eufrates. Esse povo era considerado, aparentemente, pequeno; formava reinos independentes, primeiro na Síria, e expandiu-se até o Golfo Pérsico.
O aramaico falado por Jesus já não existe mais como tal, mas uma moderna versão é ainda falada por pequenos grupos no Oriente Médio, o que denominamos de aramaico moderno. É falado hoje em diversas cidades próximas de Damasco (Síria), a maior sendo Ma'lula, e também por alguns cristãos no sudeste da Turquia, presentes em Tur'Abdin, além de alguns de milhares de imigrantes que vivem nos EUA e na Europa.
Reginaldo Gomes de Araújo é professor doutor de aramaico do Departamento de Letras Orientais da FFLCH-USP.
Extraído de:
FSP on-line, em 19/03/2004.
REGINALDO GOMES DE ARAÚJO
Especial para a Folha de S.Paulo
É de causar surpresa o resultado da reconstrução do aramaico falado no filme de Mel Gibson, "A Paixão de Cristo". Causa surpresa mesmo --e apesar de-- com toda a violência existente na película.
Além do trabalho de tradução do roteiro em inglês para o aramaico feito por um católico, o padre jesuíta William Fulco, os atores provavelmente tiveram um treinamento excepcional para articular o aramaico sem o sotaque do inglês americano, o que nem sempre é fácil.
A tarefa complica-se porque é uma língua que "supostamente" teria sido falada por Jesus, pois ninguém sabe ao certo como e de que forma Jesus falava o aramaico. Mas, apesar das dificuldades, o trabalho de tradução é realmente bom. Segundo Fulco, baseado numa variedade de literatura em aramaico antigo --como o aramaico bíblico do livro de Daniel e Esdras--, literatura targúmica e séculos de siríaco e hebraico, foi possível realizar a reconstrução do aramaico do tempo de Jesus.
Para quem está familiarizado com aramaico e seus diversos dialetos, a pronúncia utilizada no filme aproxima-se muito da ocidental ou palestinense. É um tipo de aramaico que remete ao aramaico bíblico dos livros de Daniel e Esdras e ao aramaico targúmico. Característica desse grupo ocidental é a preferência pelo som vocálico --"a"-- que pode ser ouvido durante todo o filme, e não o som de "o" que é típico das regiões mais orientais.
Outra característica é o uso dos sufixos pronominais --fenômeno típico das línguas semíticas quando usam o que chamamos de pronomes pessoais do caso oblíquo-- que se escutam nesses diálogos (por exemplo, o "khon" que escutamos muitas vezes na fala de Jesus referindo-se ao pronome de segundo pessoa plural). Enfim, ouve-se uma reconstrução gramatical do aramaico perfeita, excluindo-se alguns problemas fonéticos e hebraísmos.
Podemos constatar ainda alguns problemas que soam estranhos para o ouvido:
1º) A pronúncia do sufixo pronominal da segunda pessoa masculina (te, ti, teu, tua) soa estranha, pois se esperaria um som "ax", como o de "x" no alemão "nacht", mas ouve-se sempre "ak". Tal dificuldade está no sistema fonético dos próprios autores, que não possui o fonema "x". Esse tipo de som se encontra em todas as línguas semíticas (árabe, hebraico siríaco, etiópico etc);
2º) Poderia ter sido evitada a influência de um certo hebraísmo, pois o uso de palavras como "adonai", "adoni" (meu senhor, senhor) não são encontradas no aramaico da época. O correspondente seria "mar", "mari".
Apesar desses e de outros pequenos problemas, os autores mostraram um trabalho de valor na reprodução do aramaico.
O que é
A língua aramaica, juntamente com o acádico árabe e fenício, constitui a família de língua semítica dos habitantes das tribos nômades do deserto da Síria.
O aramaico surgiu na região do deserto da Síria. Chegou a ser língua franca --como é hoje o inglês-- e passou a ser usada na Palestina como língua principal. Segundo a tradição judaica, o aramaico foi falado por Adão (Sanhedrin 38b) e foi, provavelmente, a língua materna de Jesus e de numerosos rabinos do Talmude e Midrash.
Por ter sido uma língua dominante no mundo judaico, muitos textos importantes foram escritos em aramaico. Partes do livro de Daniel e Esdras Bíblia Hebraica (Antigo Testamento) estão em aramaico. Muitos rolos de Qumran, encontrados nos anos 50, nas proximidades do Mar Morto, estão em aramaico. Hoje ainda é usada na liturgia da igreja siro-ortodoxa.
Origem
A palavra aramaico vem do termo "aram", nome do quinto filho de Sem, o primogênito de Noé (Gn 10,21). Foi também usado como nome de um lugar 4.000 anos atrás. O livro do Gênesis menciona lugares chamados de Paddam-Aram e Aram-Naharaim. Todavia, não há referências diretas ao povo aramaico (arameu) até o século 11, quando o soberano assírio Tiglat Falasar 1º (1115-1103) deparou-se com eles na sua expedição militar ao longo do Eufrates. Esse povo era considerado, aparentemente, pequeno; formava reinos independentes, primeiro na Síria, e expandiu-se até o Golfo Pérsico.
O aramaico falado por Jesus já não existe mais como tal, mas uma moderna versão é ainda falada por pequenos grupos no Oriente Médio, o que denominamos de aramaico moderno. É falado hoje em diversas cidades próximas de Damasco (Síria), a maior sendo Ma'lula, e também por alguns cristãos no sudeste da Turquia, presentes em Tur'Abdin, além de alguns de milhares de imigrantes que vivem nos EUA e na Europa.
Reginaldo Gomes de Araújo é professor doutor de aramaico do Departamento de Letras Orientais da FFLCH-USP.
Extraído de:
FSP on-line, em 19/03/2004.
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